quinta-feira, 31 de julho de 2008

O RETORNO DO CAPITALISMO SELVAGEM




''da barbárie à decadência, sem jamais termos conhecido a civilização''
(Claude Lévy Strauss)





Acabei de ler um livro extraordinário: A corrida para o século 21, do professor de História da Cultura da USP NICOLAU SEVCENKO. Em linguagem direta e de fácil compreensão, o autor em 131 páginas relata com a sensibilidade de um intelectual o que está acontecendo neste início de século do terceiro milênio, que ainda está sofrendo os efeitos do neoliberalismo e do pensamento único implantado depois da queda do Muro de Berlim, pragas que transformou a esperança do povo brasileiro depositada no PT histórico na traição sem saída e covarde de LULA e seu seguidores.
O livro ajuda a entender por que os empregos são cada vez mais precários e raros, por que o capitalista selvagem anda mostrando garras e dentes, sem qualquer pudor e receio, por que o capital especulativo goza de liberdade e poder de exploração equivalente ao da acumulação primitiva, no início da Revolução Industrial, na parte final do século XVIII, e por que nossos filhos vão viver pior do que nossos pais, se você não consegui educá-los para serem os melhores.
SEVCENKO relata que todos os dias, num movimento non stop, o mercado financeiro mundial faz circular mais de US$ 1 trilhão (só sete países do mundo têm um PIB superior a essa cifra: EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e China). ''Cerca de 90% desse total nada tem a ver com investimentos reais em produção, comércio ou serviços, se concentrando no puro jogo especulativo'', diz o autor. Esse verdadeiro cassino que faz sangrar países como o Brasil, só foi possível devido ao progresso da informática e das comunicações, tornando praticamente anacrônico o dinheiro.
Essa metamorfose do capitalismo, que deu às grandes multinacionais um poder superior ao dos países, ocorreu à revelia dos Estados, enfraquecendo-os e acabando com um sistema que, no primeiro mundo, durou até os anos 70: o controle das economias nacionais, com a redistribuição de parte dos lucros dessas grandes corporações, financiando a criação do que se chamou de ''Estado de bem-estar social'' ou “Fordismo”.
Esse Estado começa a ser desmantelado no primeiro mundo, com maior ou menor intensidade nos anos 80. Assim, ao mesmo tempo em que aumenta, a renda se concentra. A economia da União Européia cresceu entre 50 e 75% nos últimos 20 anos, crescimento muito maior do que o de sua população (em geral estagnada ou em baixa). Mesmo assim, a Europa amarga 20 milhões de desempregados, 50 milhões vivendo abaixo da linha da pobreza, e cinco milhões de sem-teto. Nos EUA a situação é ainda pior. Apenas 10% da população se apropriam de todo o crescimento econômico, enquanto a renda média e as poucas garantias sociais são sistematicamente desmanteladas.
Imaginem esse cenário em países com uma classe média forte, história de lutas e conquistas sangrentas e transfiram-no para a nossa frágil pátria, onde o nível de consciência política é mínimo e o povo não conquistou nada pela luta armada. Triste Brasil este em que nos é dado para viver!

Um comentário:

Anônimo disse...

Doutor Cláudio, não jogue pérolas aos porcos não. Esse idiota que faz perguntas no seu blog e no do Baltazar; é um perfeito pascácio, faz vocativo sem vírgula, começa frase sem letra maiúscula, e ainda acha que sabe português.
Mas, o pior defeito não são estes; ele é um defensor ardoroso dos ladrões do Governo Fernando Jordão.
Deve ser um deles!