quarta-feira, 5 de agosto de 2009
DIREITA ASSASSINA
Militei do lado de Brizola, sem almejar qualquer vantagem pessoal, por mais de 20 anos, em razão da defesa apaixonada da soberania nacional do líder trabalhista e, principalmente, pelo seu humanismo exacerbado.
Naquela época, os militantes do PT me chamavam de pelego de patrão.
Hoje tendo sido vencido na minha luta, mas não nas idéias, tenho orgulho de ter lutado do lado daquele “caudilho” (no sentido mais nobre) que escreveu seu nome na história brasileira, como o grande defensor da soberania do povo brasileiro.
Eu odiaria estar do lado destes que nos venceram.
(Por Marcelo Salles, em 03.08.2009)
O menino Leonardo tinha 12 anos, era negro, pobre, favelado. Seu único crime fora fazer bagunça numa feira, na Tijuca, bairro da zona norte carioca. Leonardo cometera o terrível pecado de atirar frutas contra um colega. Na verdade, não foi o outro menino que reclamou. Ele também estava brincando. O que se espalhou por aí foi que Leonardo incomodava os feirantes e os consumidores. Esses, com medo de tomar um pedaço de mamão na cabeça, chamaram o capitão Nascimento.
Também espalharam que o segurança da feira, supostamente policial, fora derrubado. Teria sido um rabo de arraia? Mas de um menino? Do algoz enfurecido, Leonardo até que tentou correr, e correu, 100 metros rasos. Se chegou perto do recorde mundial não se sabe. Sabe-se, porém, do desfecho: dois tiros pelas costas, um deles na cabeça, puseram fim à vida de Leonardo.
Logo no início se diz que o único crime de Leonardo fora atirar frutas contra outro menino. Como vêem os caros leitores, uma correção se faz necessária. Além disso, Leonardo era pobre, negro e favelado.
E por ser pobre, negro e favelado, não mereceu a comoção pública do governador, que costuma se mostrar tão indignado quando os mortos são outros. A imprensa oficial, e aqui não me refiro àquela que imprime o Diário Oficial, também mediu a comoção.
A autoridade máxima do Estado, por certo, está muito ocupada. O momento é de articulação política, de mudanças na polícia. Como o governador afirma querer uma corporação mais humana, decidiu nomear um ex-comandante do Bope, justo o Bope, para o cargo de comandante-geral da Polícia Militar. E o comando do Estado Maior foi entregue a um policial que já foi flagrado estapeando a cara de meninos, rendidos, na Cidade de Deus.
A sucessão de fatos, portanto, nos permite uma constatação inequívoca sobre a política de segurança do governo: morte aos meninos armados com frutas, promoção e liberdade aos homens armados com ódio.
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