quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
O POETA E O REVOLUCIONÁRIO
“E a minha voz nascerá de novo,
talvez noutro tempo sem dores,
sem os fios impuros que emendaram
negras vegetações ao meu canto,
e nas alturas arderá de novo
o meu coração ardente e estrelado.”
(In Canto Geral)
O maior poeta do século XX é também o mais querido de Che Guevara, em seu caderno de poemas que trazia consigo no momento em que foi capturado e assassinado pela CIA estava o poema de Neruda acima.
Pablo Neruda, além das paixões que nutria pelo sexo oposto, nutria também o amor incondicional pela humanidade, um amor universal.
A atuação política de Neruda despertou em 1936, quando participou, com o poeta Federico García Lorca, da Guerra Civil Espanhola. A morte de Lorca e a luta contra o franquismo fez com que escrevesse Espanha no coração. Em 1950, publicou Canto Geral, no México, uma das suas obras mais importantes.
Em 1971, Neruda ganhou o Nobel de Literatura. Morreu dois anos depois, 12 dias após o golpe de Pinochet, e seu cortejo foi um grande ato contra a ditadura.
Apesar de jamais ter se distanciado do PC, o poeta não se enquadrava no realismo socialista. Tampouco na literatura dos poderosos. No livro Confesso que vivi, explica que “a burguesia exige uma poesia cada vez mais isolada da realidade. O poeta que sabe chamar o pão de pão e o vinho de vinho é perigoso para o capitalismo”.
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