quinta-feira, 10 de junho de 2010

DARCY ETERNAMENTE


Relembrando meu mestre maior e dando destaque para o ultimo pensamento abaixo, que tomo como uma das inspirações de minha vida.



“...Através delas daremos livros, livros a-mãos-cheias, a todo o povo. O livro, bem sabemos, é o tijolo com que se constrói o espírito. Fazê-lo acessível é multiplicar tanto os herdeiros quanto os enriquecedores do patrimônio literário, científico e humanístico, que é, talvez, o bem maior da cultura humana.”


“Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos viveu por séculos sem consciência de si... Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros...”


“Por isso mesmo, o Brasil sempre foi, ainda é, um moinho de gastar gentes.
Construímo-nos queimando milhões de índios.Depois, queimamos milhões de negros.
Atualmente, estamos queimando, desgastando milhões de mestiços brasileiros, na
produção não do que eles consomem, mas do que dá lucro às classes empresariais.”



“Dizem, também, que nosso território é pobre - uma balela. Repetem, incansáveis,
que nossa sociedade tradicional era muito atrasada - outra balela. Produzimos,
no período colonial, muito mais riqueza de exportação que a América do Norte
e edificamos cidades majestosas corno o Rio, a Bahia, Recife, Olinda, Ouro
Preto, que eles jamais conheceram.”


“Nosso povo preservará, depois dessa drástica cirurgia, a vitalidade
indispensável para sair do atraso ou estará condenado a afundar cada vez mais no
subdesenvolvimento? Quem está interessado em que o Brasil seja capado e
esterilizado? Serão brasileiros?”



“Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me
resignar nunca.”



“O Delta do Amazonas constitui uma das áreas de mais antiga ocupação européia no
Brasil. Já nos primeiros anos do século XVII ali se instalaram soldados e
colonos portugueses, inicialmente para expulsar franceses, ingleses e holandeses
que disputavam seu domínio, depois como núcleos de ocupação permanente. Estes
núcleos encontrariam uma base econômica na exploração de produtos florestais
como o cacau, o cravo, a canela, a salsaparrilha, a baunilha, a copaíba que
tinham mercado certo na Europa e podiam ser colhidos, elaborados e transportados
com o concurso da mão-de-obra indígena, farta e acessível naqueles primeiros
tempos.”



“Embora a civilização nas zonas de fronteira seja algo tosca e desconjuntada, é
sempre a civilização ocidental que avança através da sua encarnação na sociedade
brasileira. O que oferece aos índios não são, naturalmente, as conquistas técnicas
e humanísticas de que se orgulha, mas a versão degradada destas, de que
são herdeiros os proletariados externos dos seus centros de poder.”



“Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças
brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer
uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se
autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria
estar no lugar de quem me venceu.”

(DARCY RIBEIRO)

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