
Conceição, finalmente te digo o que bem entendo, livre que sou de qualquer compromisso com organismo político ideológico, familiar ou econômico.
Malgrado minha falta de verve, falo por mim, você é uma pessoa a quem se pode dizer qualquer coisa sem ser mal interpretado, já que possui uma inteligência acima da média.
Desde o início da nossa convivência, quando ainda era aluno adolescente secundarista e você uma bela e jovem mulher que lecionava biologia, percebi que ali diante daquela louça negra e fria havia um ser diferente: não era apenas um professor transmitivista que via o aluno como uma mera caixa de depósito de conhecimento (pedagogia “bancária” imposta pelo opressor - na visão de Paulo Freire), era uma pessoa que fazia com seu carisma e beleza jovial o aluno pensar no universo em que habitava.
Medularmente, querida professora, você não mudou nada. Continua sendo a mesma pessoa humanista detectada nos meus primeiros olhares; mesmo nascendo em uma família que em sua grande maioria é fisiologista, soube manter, entender e por em prática o caráter altivo e soberano de sua saudosa mãe.
Meu gosto pela política me fez ver em você uma grande esperança de mudança na vida pública angrense, que nos últimos 12 anos se transformou em um feudo corrupto e tirano.
A vida me ensinou que como qualquer pessoa da vida pública brasileira, você não está livre das manobras políticas e das pressões do poder. Contudo, confio plenamente no seu poder de detectar as maçãs podres de sua roda política.
Mas, armadilhas existem e sempre cairemos nelas. Sei que não partiu de você a estúpida idéia de enviar uma “assessora política” em meu leito na UPG (Unidade de Pacientes Graves) onde me encontrava recuperando de um atentado a faca desferido por um degenerado mentalmente pelo vício de décadas de consumo de entorpecente pesado, me chamar de alcoólatra.
Confesso que a ofensa me doeu mais do que as 10 facadas que dilaceraram quase todos os músculos das minhas pernas que usei para me defender. Ali, diante daquela cama tenebrosa de hospital, aquela figura pigméia tão bem retratada por Jonathan Swiff em seu clássico, desprovida de qualquer senso crítico, movida pelo senso comum me ofendendo sem sequer ouvir minha versão dos fatos.
Certamente, querida mestra, não são esses os assessores que podem ser seus embaixadores e colaboradores.
Não sou candidato a nada, não almejo cargo ou qualquer tipo de poder, somente faço política porque acredito na redenção do povo pelo povo. Acredito que somente uma participação intensa da população poderá nos levar a democracia tão desejada.
E o caminho momentâneo em Angra é uma mulher, uma grande mulher – CONCEIÇÃO RABHA.
Quero participar junto com o povo da sua campanha para desmascarar, não só os teus algozes que estarão nas trincheiras opostas, mas também, os que estão nas suas trincheiras por puro oportunismo!