sábado, 26 de setembro de 2009

"VIVO, SOU MILITANTE. POR ISSO ODEIO OS QUEM NÃO TOMA PARTIDO,ODEIO OS INDIFERENTES "

Estive conversando com meu amigo Zé dos Remédios, sem falsa modéstia um dos poucos que tenho prazer em exercitar minha intelectualidade, e nos lembramos de GRAMSCI. Por sinistra coincidência a “Chapa 2” de oposição do SINSPMAR foi derrotada pelos “indiferentes”.
Como ANTONIO GRAMSCI: Odeio os indiferentes, prefiro os reacionários a eles!



Os Indiferentes
Antonio Gramsci
11 de Fevereiro de 1917
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Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.

6 comentários:

resistência disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Voc~e é um idota fracassado, reconheça que vovê é um falido.

resistência disse...

Olha, você deve ser uma dessas pessoas que vivem de joelhos. Pode ter certeza que sou mais feliz vivendo com dificuldade e matando um leão a cada dia do que viver de joelhos. Sou feliz, porque ninha luta é por um mundo melhor: duvido que você tenha amigos tão sinceros e um filho tão amavel do que o meu.
Sou um revolucionário, e você nunca vai entende o que isso significa!

Anônimo disse...

Você me fez lembrar uma pessoas do meu setor de trabalho que odeia essa diretoria que está aí, mas me disse que R$18,00 é muito pra tirar de seu salário, e eu lhe propus: se filia então uns meses antes, só pra fazer valer sua cidadania e tirar estes safados do poder, ela deu de ombros e disse que ia ver, após o resultado da chapa que ela ajudou a eleger, veio a mim descontente, e eu lhe disse:é por causa de atitudes a qual vc tomou(a inércia) que estes governantes se perpetuam no poder, você não tem direito de reclamar, aceite tudinho calada! e dei de ombros...

Anônimo disse...

Dr:Cláudio Carneiro:"Por que,na maioria das vezes,os homens,na vida diária,dizem a verdade?Seguramente não é porque um Deus tenha proibido a mentira.(...)a mentira exige invenção,dissimulação e memória."Nietzsche-Humano,demasiado humano deixo para o Dr:Max.Dialético Histórico refletir....Dê uma Angrense que acredita e têm Projeto de vida.......sem falsa modéstia Mãe Trabalhadora

resistência disse...

Para a “mãe trabalhadora”:
Quando NIETZSCHE fala da mentira ele se refere às mentira da Igreja e do Estado para assegurar a resignação das massas e o poder da elite burguesa ladra. Ele não se refere às mentiras do cotidiano que às vezes são para proteger as pessoas que se ama; ou você acha que um pai teria a coragem de dizer para um filho doente terminal que ele vai falecer devido a uma doença incurável. Se todos falassem 100% de verdade os casamentos não sobreviveriam ou você nunca teve um relacionamento extraconjugal, mesmo que tenha sido platônico, e não omitiu de seu marido?
Portanto, quando citar NIETZSCHE, primeiro, leia todo o livro para entendê-lo.